A parceria entre o Instituto Mais Identidade e a UNIP visa devolver a autoestima e a esperança dos pacientes
No Brasil, a cada ano, casos de
câncer de boca e face atingem mais de 20 mil pessoas. Denise Vicentin, de 55
anos, infelizmente faz parte dessa estatística. A moradora de São Paulo tinha
22 anos quando foi diagnosticada com um tumor no palato, um Adenoma
Preomorfico. Após uma longa jornada de cirurgias, ela voltou a sorrir
depois de ser submetida a uma reconstrução facial oferecida pelo Instituto Mais Identidade. “O espelho voltou a ser um objeto que me encanta na
minha casa”, comemora.
O cirurgião bucomaxilofacial e diretor do Instituto Mais
Identidade, Drº. Luciano Dib, explica que os pacientes com câncer na face,
muitas vezes, têm o tratamento, são curados, mas estão com deformidades e
mutilações, e sem essa condição de reabilitação facial, a vida que eles têm é
pobre em termos de qualidade. “Eles não têm uma fala adequada, uma vida social
digna e encontram dificuldade para retornar ao mercado de trabalho. A
possibilidade de fazer esse tratamento de reabilitação, às vezes, é a última
esperança do paciente”, explica Drº. Luciano Dib.
Desde 2015, o Instituto Mais Identidade ajuda a
reconstruir a face de pessoas que tiveram o rosto deformado por doenças,
traumas ou acidentes. Aliando tecnologia à competência e vontade de ajudar o
próximo, o instituto promove, gratuitamente, a recuperação estético-funcional e
a reintegração social de indivíduos que apresentem alterações faciais e
maxilares. Muito além da estética, recupera-se a dignidade para que essas
pessoas voltem a viver de forma plena.
Além da Denise, cerca de 30 pacientes já receberam
reconstrução facial pelo Instituto e, agora, 10 pacientes do Rio Grande do
Norte aguardam para ter suas vidas transformadas com a cirurgia. Para angariar
recursos para a realização dos procedimentos, o Instituto lançou a campanha
“Quem vê cara também vê coração”, que está com a meta de arrecadar
R$316.100.
O valor será destinado a suprir os gastos com deslocamento
da equipe com mais de 10 profissionais, de São Paulo até o Rio Grande do Norte,
assim como equipamentos, materiais de insumo e demais necessidades descritas na
página da campanha. A intenção em buscar recursos através de financiamentos
coletivos é poder ampliar a ação do projeto em outros estados, a exemplo do que
está sendo feito agora no Rio Grande Norte.
“O tratamento não tem custo para os pacientes, mas tem
para o Instituto. Por isso, fazemos campanha para arrecadação de recursos para
que possamos continuar fazendo o atendimento gratuito”, justifica Drª. Dib.
Além destes beneficiados, o Instituto atende gratuitamente durante todo o ano
pessoas que necessitem de reconstrução facial, independentemente da cidade onde
residem. Para saber mais sobre o projeto, se cadastrar ou doar, basta acessar o
site: https://www.maisidentidade.org/.
Autoestima recuperada
“Na casa de um paciente mutilado, a primeira coisa que
tiramos são os espelhos”, diz a dona de casa Denise Vicentin. Dez anos depois
de descobrir o primeiro tumor ela precisou ser forte para superar um segundo,
descoberto por uma nova biópsia. Mais uma década se passou e ela foi
diagnosticada com um carcinoma, um tumor maligno.
Com uma nova suspeita de retorno do tumor, Denise foi
submetida a sessões de radioterapia que acarretaram em problemas de visão.
Assim, ela viu seu rosto perder a identidade. Tímida, quando precisava ir à rua
enfrentava outra batalha: suportar os olhares de curiosidade e espanto das
pessoas. “Eu evitava olhar para elas, justamente, para não ver esses olhares
que constrangem muito”, lembra.
Em 2017, Denise recebeu ajuda de uma pessoa que a
apresentou ao cirurgião bucomaxilofacial Luciano Dib e ao Instituto Mais
Identidade. Acompanhada por uma equipe multidisciplinar, o tratamento começou
de dentro para fora com apoio psicológico até chegar o tão esperado momento de
se olhar no espelho, depois de anos evitando ver o próprio reflexo.
Nesse processo, Denise teve parte do seu rosto preenchido
com prótese oferecida pelo Instituto Mais Identidade. Foi uma jornada de muita
expectativa e medo. “Tinha a sentença de ficar na sala de cirurgia devido a
tamanha gravidade. Graças a Deus, eu posso dizer que sou um milagre”, relembra.
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Denise Vicentin é uma das pacientes atendidas pelo Instituto Mais Identidade - Foto divulgação |
O resultado tão esperado veio no final de 2019, com a
colocação da prótese ocular e o sonhado reencontro com o espelho. “Quando
olhamos nosso reflexo, a imagem fica no olhar e na nossa mente. Assim que
paramos de nos olhar, essa imagem sai da visão e da mente. Depois do implante,
a autoestima aumentou de forma que me surpreendeu. O espelho voltou a ser meu
amigo”, revela.
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Denise Vicentin é uma das pacientes atendidas pelo Instituto Mais Identidade - Foto_divulgação |
Tecnologia a serviço da saúde
A reabilitação bucomaxilofacial realizada pelo
Instituto Mais Identidade é fruto da dedicação e competência de uma equipe
multidisciplinar composta por cirurgiões-dentistas, médicos, psicólogos, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, designer digital e administradores, totalizando 10 membros fixos além de diversos alunos de
pós-graduação e graduação. Juntos, os profissionais desenvolveram uma
metodologia internacionalmente reconhecida para promover a escultura das
próteses por meio de técnicas digitais de alta precisão.
O instituto recebe apoio da Universidade Paulista (UNIP), que cede laboratório de última geração, com impressoras
3D, para esculpir próteses para os pacientes. A tecnologia funciona a partir de
modelos obtidos com fotografias digitais feitas com smartphones, o
que possibilita que pacientes possam ser atendidos em locais distantes da
sede do Instituto, que está situado na cidade de São Paulo.
A técnica de construção de próteses faciais com recursos
digitais foi desenvolvida como pesquisa no Programa de pós-graduação Stricto Sensu em Odontologia da UNIP, em uma parceria
entre o Instituto Mais Identidade e o designer digital Cícero de Moraes,
reconhecido como um dos mais importantes pesquisadores na reconstituição
forense. Denominada Mais Identidade, a técnica utiliza a câmera fotográfica de
um smartphone para tirar uma série de fotos padronizadas de um paciente com
deformidade facial com o objetivo de captar a sua anatomia.
Assim, o rosto é digitalizado em 3D a partir de software
gratuito e livre, para que seja realizada a reconstituição digital da porção
afetada, que servirá como base para a construção da prótese facial que será
impressa em 3D. Esse protótipo é transformado com materiais específicos, como
silicones ou resinas, para concluir a prótese facial com acabamento e estética
próximos às características do paciente.
Formado em Odontologia, o pesquisador da UNIP responsável pelo projeto, Drº.
Luciano Dib, sente um misto de realização e emoção por poder contribuir para a
promoção da qualidade de vida das pessoas. Através da convivência e do
aprendizado com professores do Brasil e do exterior, ele trouxe técnicas de
implante e prótese, que puderam ser desenvolvidas aqui no Brasil no programa de
pós-graduação da UNIP.
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PROF. DR. LUCIANO DIB, DIRETOR DO INSTITUTO MAIS IDENTIDADE - Foto divulgação |
“Sinto que é a minha missão de vida fazer para o paciente
tudo aquilo que está ao nosso alcance e um pouco mais. Aprendi desde cedo, e
ensino aos meus alunos também, que a gente tem que pensar muito antes de dizer
‘não’ para o paciente. Sempre falo para meus alunos estudarem mais, pesquisarem
mais, porque quando descobrimos algo, estamos abrindo uma portinha de esperança
para que aquele paciente encontre perspectiva para seguir em frente”. Eu digo,
até de forma emocionada, que isso é, sem dúvidas, a minha maior motivação. A
chance de poder ajudar essas pessoas a ter um motivo para abrir os olhos e
viver mais um dia”, ensina o doutor.
Fonte: Agência Educa Mais Brasil
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